DADOS FISCAIS
Inovações no fisco
exigirão mais de bancas, diz advogado
Por Marcelo Pinto
O tratamento das
informações tributárias vai exigir cada vez mais cuidado das empresas
globalizadas. Isso por causa da grande quantidade de dados gerenciados pelos
fiscos em todo mundo e, especialmente, em consequência dos tratados firmados
entre países — a exemplo do assinado entre Brasil e EUA e aprovado em março pelo Senado.
A avaliação é do
tributarista Sergio André Rocha,
sócio do escritório Ernest & Young Terco e professor da Fundação Getúlio
Vargas, em evento na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham
Rio), que debateu as inovações a serem promovidas com o lançamento do Programa
Alerta, da Receita Federal, previsto para entrar em vigor a partir de 2015.
O programa Alerta tem como
meta incentivar o recolhimento de tributos de pessoas jurídicas e otimizar a
aplicação da força de trabalho do fisco. Para tanto, os contribuintes com algum
indício de irregularidade serão previamente notificados pela Receita Federal. A
medida dará a oportunidade de regularização antecipada por parte das empresas,
evitando a inclusão na dívida ativa e a incidência de multa.
“Nosso objetivo é
fortalecer a relação entre o fisco e o contribuinte, elevar a espontaneidade e
promover a autorregulamentação. O benefício é mútuo. Ao possibilitar a redução
das multas, o sistema de aviso da Receita Federal beneficia o empresário e
permite ampliar a arrecadação fiscal em todo o país”, explica Jorge de Souza
Bispo, chefe da divisão de planejamento, avaliação e controle da subsecretaria
de fiscalização da Receita Federal, na palestra inaugural.
"Facebook
fiscal"
Para Sergio Rocha, vive-se hoje “uma espécie de facebook fiscal que tende a se ampliar e ganhar contornos globais” e os avanços do sistema de mapeamento eletrônico da Receita Federal seguem essa “tendência inevitável”. Ele observa que o tratado entre Brasil e EUA é um passo adiante na disponibilização de informações de contribuintes que tenham operação nos dois países, possibilitando que agentes fiscais americanos façam diligências no Brasil e vice-versa.
Para Sergio Rocha, vive-se hoje “uma espécie de facebook fiscal que tende a se ampliar e ganhar contornos globais” e os avanços do sistema de mapeamento eletrônico da Receita Federal seguem essa “tendência inevitável”. Ele observa que o tratado entre Brasil e EUA é um passo adiante na disponibilização de informações de contribuintes que tenham operação nos dois países, possibilitando que agentes fiscais americanos façam diligências no Brasil e vice-versa.
“Com o tratado em vigor, um
auditor fiscal nos EUA pode entrar em contato com um auditor da Receita no
Brasil, que assim notificaria o contribuinte, e acompanharia o auditor
americano na análise de documentos, na condução de entrevistas etc.”, descreve.
O advogado lembra, ainda,
que além dos EUA, o Brasil já possui convenções similares com 29 países. “São
potencialmente 30 países nos quais há um veículo normativo claro viabilizando a
troca de informações fiscais. É importante que os grandes escritórios que atuam
em direito tributário acompanhem essa tendência mundial de disponibilidade e
intercâmbio de dados”.
Jorge Bispo destaca que
circulam hoje no país mais de 7 bilhões de notas fiscais eletrônicas. “No
futuro, esse repositório de informações deverá eliminar a própria declaração. O
contribuinte receberá uma carta com sua declaração feita pela Receita Federal e
ele só precisará responder se identificar algum erro”.
Balanço do programa
Em seu primeiro projeto piloto, em 2012, o programa Alerta enviou cartas impressas para 3.833 empresas declarantes de imposto de renda com base no lucro presumido. Desses contribuintes, 1.072 (28%) retificaram antecipadamente a declaração, sem qualquer multa. Os demais 2.671 (72%), que não tomaram providências, foram encaminhados para a malha fina e tiveram de pagar multa de 75%. A medida permitiu, segundo Bispo, a arrecadação de R$ 8,3 milhões.
Em seu primeiro projeto piloto, em 2012, o programa Alerta enviou cartas impressas para 3.833 empresas declarantes de imposto de renda com base no lucro presumido. Desses contribuintes, 1.072 (28%) retificaram antecipadamente a declaração, sem qualquer multa. Os demais 2.671 (72%), que não tomaram providências, foram encaminhados para a malha fina e tiveram de pagar multa de 75%. A medida permitiu, segundo Bispo, a arrecadação de R$ 8,3 milhões.
Até o começo de julho, terá
início o segundo projeto piloto do programa, focando agora o universo de
empresas que declaram pelo Simples Nacional. De acordo com o auditor, o
programa vai otimizar o trabalho da Receita Federal. “Se eu fosse fiscalizar
cada empresa todo ano, eu teria que ter 364 mil fiscais só para pessoas
jurídicas. Eu tenho 2.100”, diz.
De acordo com a Receita, o
Brasil tem hoje, aproximadamente, 3 milhões de empresas declarantes pelo
Simples Nacional, e 800 mil pelo Lucro Presumido, enquanto os maiores contribuintes,
responsáveis por 70% da arrecadação nacional, se restringem a 12 mil
empresas. O passo seguinte será a incorporação do Alerta no programa Malha
PJ, já em desenvolvimento.
Fonte: Revista Eletrônica Consultor Jurídico
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